segunda-feira, 7 de julho de 2008

Cinderela é humor para quem agüenta

Como não ser fã deste cara?” Responde apressado um fã, quando perguntado se gosta de Cinderela, personagem vivida pelo ator Jeison Wallace. Ele não tem tempo a perder. Veio de Casa Amarela, com uma amiga e um amigo. A pressa é para não assistir em pé à estréia de 'A Escolinha da Cinderela', na sexta passada, no Teatro do Parque. Razões não lhe faltavam. Os ingressos esgotaram-se com a rapidez de um show dos Rolling Stones em Londres. A venda de ingressos superou a quantidade de poltronas do teatro. Foi preciso colocar cadeiras no corredor e muita gente mesmo em pé. A grande maioria veio por causa do programa diário, que Cinderela e sua turma apresentam pela TV Jornal. Depois da peça, na calçada, esperando a chuva passar para não estragar a chapinha, uma moça conversava com outra: “É engraçado, mas é muito pesado. Acho que o pessoal vem pensando que vai ser igual ao que vê na TV”.
Bota peso nisso! Na França há a tradição do grand guignol, um teatro popular, onde a violência é o principal personagem. Cortam-se pulsos, pés, mãos, cabeças, o sangue dá no meio da canela. O teatro da turma da Cinderela é o grand guignol da baixaria. Aqui não há meio termos, pé no freio. O politicamente correto passa longe. Nas quase 2 horas de espetáculo, há pano pras mangas para protesto de qualquer minoria. De racismo a homofobia. Em um dos esquetes, há uma curra de um anão pelos personagens masculinos, que antes pintavam e bordavam com uma boneca inflável. 2 rapazes da platéia são “convidados” para participar da escolinha. Um deles erra a lição e paga uma prenda. De olhos vendados, é obrigado a ficar de cócoras, como se fizesse uma necessidade fisiológica. Cinderela diz que vai levantar o rapaz por um fio de cabelo. Pega um cabelo da vítima e, súbito, aplica-lhe o indicador no traseiro. O rapaz fica automaticamente de pé. A platéia exulta. Mistura de teatro de revista (sem as mulheres exuberantes deste) com pastoril profano (sem as moças vulgares destes outros). A escolinha da Cinderela pode ser vista como grotesca por uma pequena parte da sociedade, mas reflete o que fala, pensa e diz a periferia. Quem estava no Teatro do Parque não era a burguesia e, sim, o povão que voltou de ônibus para o Ibura, para os altos da Zona Norte, Muribeca, ou Três Carneiros. É o equivalente no humor às bandas de fuleiragem music. Com uma diferença básica. Por trás da Escolinha da Cinderela não há empresário milionário, nem a peça é levada a praças patrocinadas com dinheiro público. Quem foi ao teatro pagou pelo que queria ver e ouvir. Fonte: JC (http://www.jc.com.br)

3 comentários:

Laurinha disse...

Assisti Cinderela, A estoria que a sua mae nao contou, umas 3 vezes. Conheco gente que perdeu as contas de quantas vezes foi assistir. Era de mijar de rir!

Andréa Brelaz disse...

Também assisti de 1 vez :-D

É um humor muito escrachado, debochado, com muitas piadas, etc.

Quero ir novamente assistir essa nova peça da 'Escolinha da Cinderela' :-)

Anônimo disse...

cinderela adorei sacha no seu programa se era bom ficou otimo voce sabe escolher bem seus humoristas.um abraço de sua fã n.1 marusia e familia monteiro.