sexta-feira, 25 de abril de 2008

História do meu bairro

O bairro da Várzea é o maior em extensão territorial do Recife, com 2.264,0 hectares de área. Suas terras foram as primeiras a serem repartidas entre os colonos portugueses que iniciaram a povoação de Pernambuco, na 1ª metade do século XVI.
A área escolhida pelos portugueses para o plantio de cana-de-açúcar foi a Várzea do Capibaribe, ou seja, a beirada do rio. O 1º engenho do lugar foi o Santo Antônio e o que ficaria mais conhecido foi o Engenho São João. As terras eram férteis, com água em abundância e logo os engenhos se multiplicaram.
Por volta de 1630, a Várzea do Capibaribe tinha 16 engenhos-de-açúcar em plena atividade. Na parte mais central das terras, à margem direita do rio, foi-se formando uma povoação, o povoado teve crescimento rápido e virou uma Freguesia sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário. A 1ª capela da Várzea dataria de 1612.
Tempos depois, precisamente em 1746, a Freguesia da Várzea contava com 2.998 habitantes, 18 capelas, 11 engenhos em atividade e 4 de fogo morto (ou seja, desativados). O açúcar produzido ali era transportado de barco pelo Rio Capibaribe até o Porto do Recife.
No final da 1ª metade do século XIX, a povoação da Várzea virou uma disputada colônia de férias. As águas cristalinas do rio atraíam recifenses que vinham de todas as partes da cidade. Esses banhos (que diziam ter poder de cura) movimentaram o localidade até 1880, quando teve início a poluição do Capibaribe e a colônia perdeu força.
Além da força econômica, a Várzea do Capibaribe também viveu importantes episódios históricos. Era no Engenho São João, por exemplo, que se discutiam planos de revolta contra os holandeses. E na Matriz da Várzea foi sepultado o corpo do índio Felipe Camarão, um dos heróis das batalhas que expulsaram os holandeses.
O bairro da Várzea integra a 4ª Região Político-Administrativa do Recife (RPA-4), a Oeste da cidade, formada por um total de 12 bairros, e localizada entre os bairros do Curado, Cidade Universitária, Iputinga e Caxangá.
Conforme dados do Censo IBGE, em 2000 a população da Várzea tinha uma renda média mensal de R$ 767,77.
Outros dados do Censo:
População: 64.512 habitantes
Densidade: 28,49 hab./ha
Dentre os recantos pitorescos do Recife, a Várzea ainda se conserva com o mesmo charme que foi sua marca no passado. A Várzea foi sede de uma pequena povoação do século XVI, originária do Engenho Santo Antônio ali fundado nos primeiros anos da colonização por Diogo Gonçalves, em torno do qual gravitavam 16 outras fábricas de açúcar que juntas formavam a chamada Várzea do Capibaribe.
A sua Igreja Matriz, dedicada à Nossa Senhora do Rosário, abrigou a 1ª freguesia suburbana do atual município do Recife, conforme assinala o Livro que dá razão do Estado do Brasil (1612). Na Várzea, segundo o relatório do holandês Adriaen Verdonck (1630), estava "a melhor e mais bela moradia dentre os melhores lugares de Pernambuco e de onde vem o melhor e a maior parte do açúcar".
A Igreja Matriz passou por reformas, entre 1868 e 1872, nada mais restando da primitiva Capela de Nossa Senhora do Rosário.
No final da 1ª metade do século XVII, os 3 principais engenhos da Várzea - São João, do Meio e Santo Antônio - tinham por proprietário João Fernandes Vieira, principal chefe da Insurreição Pernambucana (1645-1654). Foi na Várzea que se estabeleceu, a partir de 1645, o novo Governo de Pernambuco, tendo ali funcionado a Santa Casa de Misericórdia de Olinda, o Hospital Militar e o Senado da Câmara de Olinda. No dizer de F. A. Pereira da Costa, "ali funcionou, enfim, toda a governança e o mecanismo oficial da Capitania de Pernambuco; a povoação da Várzea foi, por assim dizer, a sua capital durante o período da Guerra Holandesa, que se estendeu de 1645 a 1654".
Em 1754, essa povoação registrava uma população de 220 habitantes livres. Na Igreja Matriz uma placa assinala que ali foi sepultado, em 1648, "o bravo Dom Antônio Filipe Camarão, governador dos índios que, com seus arcos e flechas, defendeu a fé e a pátria contra o batavo invasor". Em sua sacristia, escavações recentes desenvolvidas sob a orientação do Deptº de Arqueologia da UFPE, encontraram o cemitério das vítimas das 2 batalhas dos Montes Guararapes (1648 e 1649).
Na Praça da Matriz, o caminhante encontrará 2 igrejas - a de Nossa Senhora do Rosário, ao centro, e a Igreja de Nossa Senhora do Livramento, que pertencia a uma irmandade de homens de escravos. Apesar do belo frontispício, que conserva as suas características primitivas, esta igreja encontra-se abandonada e em ruínas. No prédio de 2 pavimentos, ao lado, funcionou o Seminário da Várzea.
Vários casarões chamam a atenção para o bucolismo da Várzea dos nossos dias, salientando-se dentre eles o que serve de sede ao Educandário Magalhães Bastos, no final da Rua Francisco Lacerda. Construído em 1897 por Napoleão Duarte, o prédio destinava-se, segundo placa comemorativa, ao "Asylo da Infância Desvalida, de ambos os sexos, fundado e dictado pelo Com. Antônio José de Magalhães Bastos, comerciante que foi nesta cidade".
Ainda nas terras do Engenho São João pode-se vislumbrar, no alto de uma colina, às margens do açude e cercada por jardins, a Casa dos Brennand, um dos mais importantes exemplares da arquitetura em ferro no Brasil.
Trata-se de uma casa em 2 pavimentos, fabricada na Bélgica e adquirida nos Estados Unidos, em 1897, aqui montada em 1902. Sua arquitetura é da área francesa do Vieux Quartier de Nova Orleans. Uma escada em perfis de ferro une as 2 alas da casa, que possui um pátio interno separando os 2 corpos laterais, cercadas de varandas e cobertas por telhas francesas. Caminhando por essas ruas, algumas sem calçamento, por entre sítios plantados com as mais diferentes fruteiras, quintais separados por cercas vivas de papoulas coloridas, tudo faz lembrar a imagem pintada com as cores da lembrança do poeta Joaquim Cardozo.
Na Várzea ainda encontramos o Instituto Santa Maria Mazarello (Ordem Salesiana), o Lar Fabiano de Cristo - Casa de Rodolfo Aureliano, a Companhia de Caridade - Instituto Padre Venâncio, o Cemitério, a ex-sede da Telemar (atual OI), a Cúria Metropolitana (Arquidiocese) de Olinda e Recife, a Companhia Industrial de Vidros (CIV), a unidade da Tramontina (próxima da fábrica da Brasilit), o Castelo de Ricardo Brennand e o Ateliê de Francisco Brennand.