sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Homenagem a Tim Maia

O especial "Por Toda Minha Vida", que será exibido hoje pela TV Globo, após o "Globo Repórter", dramatiza a trajetória de Tim Maia, com apresentação de Fernanda Lima.

Com uma estrutura que compreende depoimentos de familiares e amigos, dramatização e trechos de shows e reportagens, o programa destaca os momentos mais importantes da trajetória de Sebastião Rodrigues Maia.
O talento musical de Tim Maia aflorou muito cedo. Aos 8 anos já cantava, aos 12, estudava violão, e com 14 anos formou seu primeiro conjunto musical.
Quando tinha cerca de 20 anos, foi para os Estados Unidos, onde teve contato com a música americana, que influenciou seu trabalho até o fim.
Depois de uma passagem pela Jovem Guarda no fim dos anos 1960, Tim Maia interpretou sucessos como "Azul da Cor do Mar" e "Primavera" e, em 1970, tornou-se um ídolo, adorado pela crítica e pelo público. Gravaram depoimentos para o programa os irmãos Luzia Motta e Altivo Maia, o filho Carmelo Maia, o enteado Léo Maia, o sobrinho e compositor Ed Motta, o biógrafo do cantor, Nelson Motta.

Além deles, os músicos Erasmo Carlos, Jorge Ben Jor, Sandra de Sá, Eduardo Araújo, Fábio, Tinho Martins, Hyldon, Elói Vicente e Neil Teixeira também gravaram depoimentos, entre outras personalidades.

No especial, Tim Maia será interpretado, na infância, por Bruno Arguilhes Fisher, na adolescência, por Robson Nunes, e, na fase adulta, por Charles Maia.
Ele tem 1,68 de altura, 115 quilos e um vozeirão grave e imponente. As semelhanças do ex-chef de cozinha Carlos José da Silva com Tim Maia no final dos anos 70 não param por aí. Charles Maia, que interpreta o “síndico” no especial “Por toda minha vida”, exibido pela Globo nesta sexta (14) depois do “Globo Repórter”, diz ficar assustado com tantas características em comum. “Me vejo na tela e penso: meu Deus, será que esse aí sou eu?” Conhecido como Tim Maia cover, Charles tinha um bar em São Paulo que estava praticamente falido quando participou de um programa de calouros dublando “Gostava tanto de você”. Ganhou R$ 500 e decidiu aprender a cantar. As semelhanças físicas e o talento para soltar a voz o levaram para a televisão. Na dramatização baseada em fatos reais – que inclui depoimentos de familiares e amigos do músico, além de trechos de shows e reportagens - Charles interpreta Tim nos anos 80 até um pouco antes de sua morte, em março de 1998. “Temos até as mesmas doenças: diabetes e hipertensão. Tinha que ser cover, mas nem tanto”, brinca Charles. Mas, segundo ele, com uma diferença: “dependendo do lugar do show, eu chego até um dia antes”, diz. “Nunca dei bolo.” Em suas apresentações, Charles canta 25 sucessos de Tim Maia durante duas horas, com pausas para trocar de roupa três vezes. Ele conta que nunca teve aulas, mas ganhou conselhos valiosos ao longo da jornada. “Quem me orientou foram os cantores da noite. Diziam que dublando eu não chegaria a lugar algum.”

‘Leia o livro’

Um dos maiores (em todos os sentidos) responsáveis pelo molho suingado feito à base de funk e soul que temperou a música brasileira a partir dos anos 70, Tim Maia ganhou homenagens recentes também em forma de show e livro. Ao longo deste ano, o coletivo paulistano Instituto reuniu jovens talentos em uma série de apresentações para interpretar a fase “Racional” do músico ao lado de Carlos Dafé, que tocou na mesma banda e também foi adepto da seita com base nos preceitos do livro “Universo em desencanto”. A filosofia que mistura elementos de umbanda e crença em extraterrestres fez Tim Maia mandar pintar todos os instrumentos de branco na 1ª metade dos anos 70 e passar um bom período completamente livre das drogas. Além da saúde em dia e da voz muito mais clara, a aventura religiosa rendeu 2 discos, hoje cultuadíssimos: “Tim Maia Racional vol 1” (1975) e “Tim Maia Racional vol 2” (1976). No repertório, há pérolas como “O caminho do bem” e “Leia o livro”, na qual Tim Maia prega, em inglês: “read the book”. Mas, imprevisível como só o próprio Tim, o músico se desencantou com a seita e mandou tudo às favas, inclusive os álbuns, que foram renegados. A história é tema do capítulo “O Evangelho segundo Tim Maia, 1975, 87 Kg”, da biografia “Vale tudo: o som e a fúria de Tim Maia”, assinada pelo jornalista e produtor musical Nelson Motta, amigo do músico por 30 anos, e recém-lançada pela editora Objetiva.

Da infância humilde como “Tião Marmiteiro” na Tijuca, no Rio de Janeiro, até o fim de sua carreira, a obra faz um retrato do músico com a intensidade que sempre lhe foi peculiar: livre, indomável, amoroso, debochado, sofisticado - tudo ao mesmo tempo agora.