sábado, 27 de outubro de 2007

Cow Parade no Rio de Janeiro

A Cow Parade é a maior exposição de arte de rua do mundo. Já passou por 37 cidades do planeta, fazendo muito sucesso junto ao público. Depois de terem passado por São Paulo (em 2005), Belo Horizonte (2006) e Curitiba (2006), o inusitado rebanho da "CowParade" - considerada a maior exposição de arte de rua do mundo - chegou ao Rio de Janeiro já com a expectativa de ser a maior das edições brasileiras. As vaquinhas ficarão espalhadas pela cidade no periodo de 3 de outubro a 26 de novembro.
São 100 vacas de fibra de vidro espalhadas por locais públicos da cidade. Elas receberam intervenções de artistas plásticos, designers, arquitetos e estilistas. Ao final, todas as vacas serão leiloadas e a renda irá para uma instituição de caridade do Rio.A 'CowParade' foi criada em 1998 em Zurique, na Suíça, e foi considerada como a maior exposição de arte de rua no mundo. Já esteve em mais de 30 metrópoles pelo globo e arrecadou em torno de US$ 11 milhões em seus leilões. Atualmente, as vacas viraram itens de colecionador e também movimentam um negócio que gera cerca de US$ 75 milhões em produtos licenciados na Ásia, Europa e América do Norte.
As vacas criadas pelos artistas são leiloadas ao término da exposição e têm seus fundos direcionados a instituições de caridade. Segundo os organizadores, foi arrecadado mais de R$ 1,5 milhão na edição de São Paulo. O leilão da 'CowParade' no Rio de Janeiro está marcado para acontecer no dia 11 de dezembro.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Pintora aos 4 anos

Até uma criança poderia fazer isso.” Mistura de preconceito e desconfiança com relação a quem dita hoje as regras no lucrativo e hermético mercado das artes, a observação é das mais corriqueiras quando se depara com uma pintura abstrata ou uma peça qualquer exposta em uma galeria de arte contemporânea. Mas no caso dos quadros de Marla Olmstead, que chegaram a ser vendidos por US$ 25 mil, a observação que antes poderia soar ofensiva ganha outro sentido: trata-se da mais pura verdade (ou não?).

Pintora aos 4 anos”, documentário de Amir Bar-Lev que está sendo exibido na 31ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, conta a história da menina que virou manchete nos principais jornais e canais de televisão dos Estados Unidos em 2004 depois que suas pinturas foram descobertas por um galerista americano e descritas não apenas por ele mas por muitos especialistas e críticos de arte como obras de “um verdadeiro gênio” das artes.
Em sua primeira exposição individual, Marla Olmstead, então com apenas 4 anos, teve todas as suas telas – enormes pinturas a óleo coloridas e... abstratas – vendidas para compradores que a comparavam a Jackson Pollock, Monet ou Picasso . Incentivada pelo pai, ele próprio um pintor frustrado e sem talento, a menina vai produzindo um quadro após o outro e, em menos de um ano, torna-se um dos nomes mais quentes das artes americanas: no momento em que o popular programa de televisão “60 Minutes” decide fazer um perfil da menina-prodígio, o número total de pessoas na fila de espera para comprar uma pintura de Marla já chegava a 200. Dois dias após este mesmo perfil ir ao ar, entretanto, o número de encomendas chegou a zero.

Com a mesma velocidade com que se tornou queridinha no mundo das artes, a reputação de Marla despencou no momento em que a reportagem do “60 Minutes” colocou em questão a autenticidade de suas pinturas. Os produtores do programa acreditaram ter reunido evidências para supor que o pai da menina, Mark, seria o verdadeiro responsável pela “genialidade” da garota – por genialidade entenda-se o fato de ela pintar como uma artista abstrata adulta. Uma câmera escondida instalada no porão da residência dos Olmstead mostrou o que parecia ser Mark “dirigindo” o processo de criação de Marla.
E é nesse momento que, com a mesma transparência com que antes demonstrava empolgação com a história de Marla, o diretor do documentário passa a revelar suas próprias dúvidas sobre a autenticidade. Ao longo de mais de um ano de filmagens, Bar-Lev não conseguiu registrar a realização sequer de um quadro do começo ao fim. Ao contrário, em todas as vezes em que tentou, o resultado foram pinturas infantis que não passavam do que se esperaria de alguém como Marla, ou seja, de uma menina de 4 ou 5 anos. Seria ela apenas uma marionete das pretensões artísticas de seus pais? Teriam seus compradores sido enganados por um galerista oportunista e marketeiro? E quanto ao documentarista: não estaria ele sendo usado pela família como mais uma forma de dar legitimidade e credibilidade à história de Marla? Como a sempre recorrente pergunta sobre o que é ou não arte, “Pintora aos 4 anos” não oferece respostas prontas. Não por falta de empenho de seu diretor, dos pais da menina ou mesmo de seus críticos em tentar provar o seu ponto.
É que, como diz um crítico do jornal “The New York Times” entrevistado no filme, a única verdade que existe é aquela que se deseja contar. Se as pinturas de Marla – ou pelo menos creditadas a ela – um dia vão valer US$ 20 milhões ou se estarão destinadas a enfeitar a geladeira dos Olmstead daqui para frente, só o tempo e os próprios compradores serão capazes de dizer.