terça-feira, 26 de dezembro de 2006

Morre James Brown, o "rei do soul"


Desde domingo, James Brown estava internado no Emory Crawford Long Hospital, em Atlanta, Georgia, com suspeita de pneumonia. Seu agente, Frank Copsidas, afirmou ontem que a causa da morte ainda não tinha sido determinada. Apesar da idade, do consumo de drogas e dos freqüentes problemas com a lei, o cantor ainda mantinha um ritmo de trabalho considerável. Gostava de ser apontado como "the hard working man of show business". Estava longe das paradas desde os anos 80 - ele que emplacou 100 músicas na parada da Bilboard - mas ainda era requisitado no circuito dos festivais, casas noturnas e cassinos.

Trabalho duro foi uma constante na vida de Brown. Suas ocupações iniciais foram recolher restos de carvão que caiam dos trens nas margens das ferrovias e sobras de comida nos cestos de lixo. Também foi precoce nos quesitos habilidade musical e broncas com a autoridade. Descobriu os prazeres profanos da música através do coro da igreja que freqüentava na infância. O primeiro contato com o sistema judiciário se deu aos 17 anos: foi preso por assalto à mão armada e passou três anos em um reformatório.

A carreira musical de James Brown tem pelo menos 3 fases marcantes. De 1953 - quando entra para o grupo gospel Starlighters - até meados da década de 60, elabora um repertório fundamentado no blues e no rhythm and blues. Segue um período de transição que se estende até o final dos "sixties". Brown radicaliza mais emais sua música. A melodia desaparece e os instrumentos passam a desempenhar apenas funções rítmicas. Voz e letra também se adaptam: alguns poucos versos, quase palavras de ordem, são berrados de tempos em tempos. Quando os anos 70 despontam, já temos o funk como o conheçamos completamente cristalizado.

James Brown também desempenhou um papel fundamental na reconfiguração da identidade diaspórica negra registrada nas décadas finais do século 20. Ele foi pioneiro em cantar versos como "I'm black and I'm proud". Vestiu as roupas mais berrantes e coladas ao corpo. Dançou como uma "sex machine" nos palcos. Ostentou a cabeleira afro de forma desafiadora. Em 1975, causou comoção na primeira visita ao Brasil, quando realizou uma lendária apresentação no Rio de Janeiro - ele que era o herói indisputado do circuito de bailes black que, anos depois, originaria o funk carioca.

Sua morte representa uma perda tão grande ou maior que a de Elvis Presley ou John Lennon.

Descanse em paz, mister James Joseph Brown.

2 comentários:

Cris disse...

Oi!

Obrigada pela msg lah no blog, fico feliz quando conheço novos leitores!

Claro que vc pode me linkar, sinta-se a vontade!

Virei te visitar mais vezes e me manter informada. Vi noticias aqui que eu desconhecia completamente! =/

Beijos e Feliz Natal e reveillon

Andréa Brelaz disse...

Obrigada pelos elogios!

Sinta-se à vontade para me visitar e comentar.

Felicidades em 2007!!!