Um dos 14 mortos na chacina de Binghamton, no Estado americano de Nova Iorque, é o matemático pernambucano Almir Olímpio Alves, 43 anos. Ele estudava inglês no centro para imigrantes invadido na sexta-feira passada pelo vietnamita Jiverly Wong, 41, autor dos disparos. Professor da unidade da Universidade de Pernambuco (UPE) em Nazaré da Mata, Almir estava nos EUA desde setembro fazendo pós-doutorado na Universidade de Binghamton.
A mulher dele, Márcia Pereira Lins Alves, 36, soube da morte sábado à noite, por volta das 20h30, por telefone. A notícia foi dada por Carlinda, mulher do matemático peruano Pedro Antonio Caetano Ontaneda Porta, que havia sido orientador de Almir no doutorado – concluído em 2003 na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – e morava nos EUA.
Márcia conta que assistiu na TV à notícia do massacre. Ficou apreensiva por haver ocorrido em Binghamton, mas se tranquilizou ao verificar que era em outro bairro, e não no que Almir morava. “Eu sabia que ele fazia aula de conversação em inglês diariamente, das 9h às 12h, antes de ir para a universidade, mas não tinha conhecimento exatamente de onde era”, revelou.
O casal morava em Carpina com o filho Alan, de 16 anos. Márcia também é professora de matemática e ensina numa escola pública do município, distante 55 quilômetros do Recife, na Zona da Mata Norte. Ontem, no entanto, Alan e a mãe estavam em Bonança, distrito de Moreno, ao Sul do Grande Recife, na casa dos pais dela.
“Meu genro é um exemplo. Assim como eu, ele veio do nada e venceu na vida. Ele pelo estudo e eu como mestre de obra”, disse o comerciante Claudio Lins, sogro de Almir.
Almir é filho de agricultores. Os pais dele, Olímpio Adelino Alves e Maria do Socorro Costa, moravam no Engenho Poço Dantas, em Moreno. “Ele convenceu os pais de deixar o campo e os levou para Carpina. Hoje eles moram numa casa perto da casa do filho”, conta a irmã de Márcia, Mara Pereira Lins.
Almir e Márcia estavam casados havia 17 anos. Ele voltaria para casa em setembro. Márcia conta que o grande sonho do marido era fazer um curso no exterior. “Ele tinha certeza que voltaria. Tinha muitos projetos acadêmicos.”
Na casa dos pais de Márcia o clima era de comoção. Abalada, ela não recebeu os amigos da família que prestavam solidariedade. “Embora tenha ido tão longe no ensino, ele era educado e prestativo com todos”, lembrou o promotor de vendas Jadiel Vicente, 42 anos, vizinho de Claudio Lins, em Bonança.
A última vez que Márcia se comunicou com Almir foi na sexta-feira, quando recebeu um e-mail do marido. “Ele disse que estava tudo bem e me deu orientações para o preenchimento da declaração de imposto de renda”, recordou.
O diretor da UPE em Nazaré, Luiz Alberto Ribeiro Rodrigues, lamentou a morte do professor, a quem descreveu como uma pessoa de jeito simples e humilde, como costumam ser as pessoas do interior. Uma das características mais marcantes de Almir, na opinião de Luiz, é a concentração e dedicação à pesquisa.
“Era muito exigente em sala de aula. Ensinava para valer. Com ele só passava quem sabia.” Para Luiz Alberto, a perda foi não apenas da universidade, mas de toda a comunidade científica. Ele informou que o objeto de estudo de Almir era a matemática pura. “É como a filosofia dos números”, comparou.
O diretor e a viúva se ocuparão, a partir da manhã de hoje, dedicar-se ao traslado do corpo. Segundo notícias enviadas pelas agências de notícia, a prefeitura de Binghamton destinará aos parentes das vítimas US$ 6 mil para o enterro ou traslado do corpo e passagens de avião.
Fontes: JC (Jornal do Commercio) e Folha de PE
Nenhum comentário:
Postar um comentário