Falo nos meus livros sobre as técnicas de estudo, organização e provas, mas, aqui, falo do combustível: a vontade de caminhar, de vencer, de chegar, de levantar a taça. Essa vontade precisa estar presente e ser renovada a cada dia, pois só assim a gente agüenta a pressão de tudo e de todos, a começar pela nossa própria e inadequada pressa.
Senhores concurseiros, de todos os times e torcidas, eu vos convoco para perder com alegria e orgulho, quantas vezes for preciso, pois, ao final da longa jornada, comemoraremos juntos seu merecido campeonato. Vocês serão todos campeões, no tempo próprio. Todos os que não morrerem, não desistirem e não deixarem de se adaptar, serão campeões e poderão servir ao povo brasileiro. E espero que sirvam bem, pois, no final das contas, este é o lugar onde vivemos - nós e nossos filhos. Fora isso, tenho ainda algumas boas notícias:
1 - Não existe hora para perder
As derrotas chegam quando chegam. Não tem isso de já venceu o São Paulo e o Boca Juniors, agora não pode perder. Pode sim. Pode perder por um centésimo, ou depois de anos, ou depois de 28 concursos. A única coisa que não pode é desistir, não se aperfeiçoar, pois senão, não passa.
2 - A torcida contra não conta
Não se preocupe se alguém torce contra, ou não acredita. Seja solidário com aqueles que não têm seu próprio time na final para torcer, e ficam olhando você jogar seu jogo. Se torcerem a favor, seja grato; se torcerem contra, seja misericordioso. E jogue seu jogo. Se você vence e torceram por você, é lindo; se não torceram, é irrelevante; e se torceram contra e você perdeu, que triste alguém ficar feliz com a derrota alheia. Triste, mas também irrelevante. Alegre-se por estar jogando.
3 - Acreditar não basta
O grito de confiança “Eu acredito” ecoou toda a semana e durante o jogo, mas não adiantou. Que isso nos sirva de alerta. É absolutamente necessário acreditar, ter fé, motivação, mas também é preciso fazer os gols. Você precisa acreditar em você, mas tem que fazer os gols! Acredite, mas estude; acredite, mas treine; acredite, mas vá fazer as provas; acredite, mas corrija as falhas. E, se for a final da Libertadores, acredite, mas faça os gols em número suficiente. O Fluminense conseguiu fazer dois e ir para a prorrogação, mas parou. Não adianta: demore o quanto demorar, você precisa fazer todos os gols, todas as revisões, todas as provas, ler toda a matéria, toda a legislação... ou não leva a taça.
4 - A vida continua
Dizem que a pessoa muda até de sexo, mas não muda de time. Qualquer que seja a frustração, amanhã eu vou outra vez vestir meu manto e cantar que tenho orgulho de ser tricolor. Do mesmo jeito, ninguém consegue deixar de ser quem é. O máximo que podemos fazer é melhorar o que somos. Você viverá com você o resto da vida, e que esta seja uma das razões para cuidar bem de você, ser gentil consigo e com seu futuro. Qualquer que tenha sido o resultado do último concurso, por favor, vista a camisa e continue no jogo.
5 - Há mais concursos do que Libertadores
Sim, Libertadores é uma por ano, e não é nada fácil conseguir o direito de disputá-la. Nos concursos, você tem oportunidades aos montes, a ponto de precisar somente focar em quais vai apostar. E tem os requisitos legais para se inscrever. Você pode tentar vários por ano, todos os anos.
6 - Nos concursos, quem ganha sai
Imagine uma Libertadores sem o São Paulo, o Boca, Flamengo, Vasco, Grêmio, Internacional... e LDU. Naturalmente seria muito mais fácil vencer, não é? Na Libertadores, quem ganha volta depois para lutar por mais um título. Nos concursos, não. Quem passa já resolveu sua vida e, quando muito, fará outro concurso, jamais o mesmo. Logo, se você ficar na “fila”, estudando e se aperfeiçoando, cada vez haverá mais vagas para você, já que os melhores, os campeões, não voltam para o próximo.
7 - No concurso, só depende de você
O goleiro poderia até pegar o pênalti se eu o batesse, mas teria que correr até o canto para fazê-lo. Eu não entendo como alguém pode chutar a bola no meio do gol, não entendo. O bom do concurso é que você não depende de outra pessoa para vencer, não tem que ficar apenas assistindo. Quer saber mais? Eu jamais colocaria, no meio da prorrogação, um defensor em campo. Eu colocaria um atacante, eu ia querer fazer mais um gol! No concurso, você não depende de outro técnico. O técnico é você. Você escolhe o curso, o livro, a apostila, o concurso, você escolhe tudo... e pode jogar, entrar em campo, bater os pênaltis. Mais trabalhoso sim, mas muito mais seguro.
8 - O jogo se decide em campo
Eu tive um dos prenúncios dos riscos funestos na última final quando alguém disse que o LDU jamais venceria por que vem do Equador... e o Equador nunca venceu uma Libertadores. Ora, eu conheço isso: tem gente que diz que negro, pobre, mulher separada e com filhos, pessoas que fizeram escola pública, da favela, morador de rua, ou qualquer coisa que dificulte, “não passam em concurso”. Já ouvi mais de uma vez que “ninguém dessa família dá em nada”, ou desse bairro, ou dessa isso, ou aquilo. Senhores, o LDU pode ter vindo de onde veio, mas veio e levou a taça. Fez sua parte, do melhor jeito que podia, e conseguiu o que queria. Nesse passo, nunca aceite alguém dizer que você, por qualquer razão, não pode sonhar ou melhorar de vida. Que o LDU nos inspire a não aceitar que digam, antes do jogo, que não podemos fazer isto ou aquilo. Só quem joga pode perder... só quem joga pode vencer. Jogue. Ou, como diria a Nike, just do it.
9 - Morador de rua também passa
Há alguns meses um morador de rua que passou em concurso, o Ubirajara, no Recife. Que ele nos inspire. Não ache que “porque ele passou, agora eu tenho que passar”, não se pressione assim, seria um erro. Pense no moço como um exemplo a mais a ser seguido. Ele conseguiu superar as dificuldades pessoais dele, você vai conseguir superar as suas.
10 - Vamos à jornada!
Para terminar, convido a todos a dar suas opiniões, a conversar, a falar sobre suas derrotas e sucessos através da internet, pelo meu site, ou orkut. Vamos nos irmanar nessa jornada. Mais que isso, convido você a jogar o jogo, e, qualquer que seja o resultado do momento, a continuar em campo. Eu não sei se o Fluminense vai vencer uma Libertadores um dia, não depende de mim. Mas sei que qualquer um pode passar em concursos, se jogar o jogo. Basta fazer as coisas certas, do jeito certo, pelo tempo certo. O que são essas coisas? Bem, vamos falando sobre isso aos poucos. Para que a pressa? Concurso não se faz para passar, diz o mantra, mas até passar, ora. Bom jogo!
2 comentários:
A frase que vc fechou o texto é mais que sabida, porém esses toques são muito importantes e devem fazer parte do dia-a dia de quem realmente deseja o sucesso de ser aprovado num concurso. Belo artigo!! Parabéns!!
Oi! Edson!
Seja bem vindo aqui no meu blog :-)
Também gostei muito desse artigo e como estou passando por essa fase de concursos recomendo a todos a leitura.
Obrigada pelo elogio! ;-)
Saudações! :-D
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